Um lugar para cada pessoa

Refugiados

Por Rob Hoskins, presidente da OneHope

Cada vez que publico algo sobre refugiados, recebo uma reação de comentários políticos. Não abordo esse assunto de forma leviana e nem o faço para suscitar uma reação política. Eu falo isso porque é nosso dever como cristão entender e responder à realidade dos refugiados em todos os lugares. Se eles batem à sua porta ou se sofrem do outro lado do mundo, você deve determinar qual é a sua responsabilidade para com eles como um seguidor de Cristo.

…filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. Assim saberemos que somos da verdade; e tranquilizaremos o nosso coração diante dele. (1. João 3:18-19)

Entramos em um território desconhecido quando se trata do trauma psicossocial associado a crianças refugiadas sírias. Muito parecido com os efeitos do Holocausto, da Guerra do Vietnã e das crises em Ruanda, Uganda, Sudão e Mianmar, onde as crianças estão no fogo cruzado da violência, abandonadas e órfãs ou forçadas a participar da guerra como “soldados”, nós estamos descobrindo uma nova realidade assustadora baseada no pior ambiente imaginável para as crianças que saem da guerra na Síria.

Dr. M.K. Hamza, um neuropsicólogo da Sociedade Médica Sírio-Americana, falou em um artigo recente sobre o trauma infantil que as crianças sírias estão vivendo. Tendo trabalhado com inúmeros refugiados sírios, o Dr. Hamza disse que não há palavras suficientes para descrever a realidade vivida pelas crianças sírias. Dr. Hamza introduziu o mundo para a frase “Síndrome da Devastação Humana” para descrever com mais precisão a sua dor.

Enquanto as nações ao redor do mundo têm experimentado tragédia e crise desde o início dos tempos, a ubiquidade da Internet nos lançou em uma “experiência em tempo real”, enquanto recebemos instantaneamente fotos, vídeos e histórias de vítimas.

Nos últimos cinco anos, a guerra na Síria aumentou, afetando dramaticamente inúmeras vidas. Estamos apenas começando a compreender as ramificações, tais como:

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A nova realidade da Síndrome da Devastação Humana traz consigo um território de ministério inexplorado. Isso me lembra a transição do Lugar para a Pessoa que ocorre entre o Antigo e o Novo Testamento. O Antigo Testamento muitas vezes se concentrava nos lugares onde a presença do Senhor habitava – Monte Sinai, a Arca da Aliança, o Tabernáculo, o Templo, etc. Com esta ênfase em Lugar, no Livro de Números, o Senhor ordena a Moisés que estabeleça seis cidades de refúgio para estranhos, peregrinos e refugiados. Essas seis cidades estrategicamente colocadas eram acessíveis a qualquer pessoa que precisasse de refúgio na terra de Israel, destacando a necessidade de refúgio na sociedade.

…disse também o Senhor a Moisés: “Diga aos israelitas: Quando vocês atravessarem o Jordão e entrarem em Canaã, escolham algumas cidades para serem suas cidades de refúgio, para onde poderá fugir quem tiver matado alguém sem intenção. As seis cidades servirão de refúgio para os israelitas, para os estrangeiros residentes e para quaisquer outros estrangeiros que vivam entre eles, para que todo aquele que tiver matado alguém sem intenção possa fugir para lá. (Números 35: 9-11,15)

O Novo Testamento muda da ênfase no Lugar para ênfase na Pessoa. Já não habita o Senhor em um lugar fixo como o Tabernáculo ou o Templo. Em vez disso, Ele escolheu morar entre e em nós. Como filhos e filhas de Deus, encarnamos a presença do Senhor. Da mesma forma, não há mais cidades de refúgio na nação de Israel sob a Lei. Agora, através do poder de Cristo, nos tornamos habilitados a ser pessoas de refúgio.

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Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. (Gálatas 2:20)

Cristo nos disse para amar a Deus e amar o próximo, ordenando que cuidemos dos necessitados. Uma maneira que OneHope encontrou para ajudar é criar uma edição especializada do Livro da Esperança, chamada The Survivors (Os Sobreviventes), e contextualizá-la para atender às necessidades psicossociais dos refugiados. Como as crianças refugiadas sofrem de Síndrome de Devastação Humana, elas são tratadas como “sobreviventes”. O intuito é apresenta-las às Boas Novas inspirando esperança e fornecendo uma estrutura para que elas comecem a processar e redimir seus traumas por meio de Cristo.

Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia. e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? (Tiago 2:15-16)

Como o corpo de Cristo, somos comandados a ser pessoas de refúgio – proporcionando um lugar seguro para os necessitados. Se é o seu vizinho ou a criança refugiada síria, vivamos como Cristo – nosso refúgio – nestes tempos turbulentos, proporcionando um lugar seguro para cada pessoa.

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