Ondas gigantes: O risco vale a recompensa?

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Por Rob Hoskins, presidente da OneHope

Em 1979, um enorme campo de petróleo foi descoberto em Grands Banks, uma região de planaltos submersos localizada na costa do Canadá. Esse campo tinha o potencial de restaurar a economia das províncias de Newfoundland e Labrador. A localização do campo petrolífero, no entanto, era traiçoeira – exigindo plataformas de petróleo para poder lidar com ameaças como icebergs e tempestades. Para explorar essa área, foi construída a unidade de perfuração Ocean Ranger.

Na manhã de 14 de fevereiro de 1982, os tripulantes do Ocean Ranger receberam um relatório de uma forte tempestade de inverno prevista para chegar ao local entre o final da tarde e o começo da noite. Apesar da previsão, eles continuaram a perfurar. Por volta de 19h, navios que estavam nas proximidades relataram ser atingidos por uma onda gigante, que atingiu o Ocean Ranger às 21h. Por volta de 1h da manhã, os ocupantes do Ocean Ranger estavam em uma situação desesperadora. A plataforma virou e afundou algumas horas mais tarde. Todos os 84 membros da tripulação perderam a vida.

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Estou convencido de que na vida, como no oceano, quanto mais profunda a água, mais precioso é o recurso natural à espera de ser explorado. O risco para chegar a ele, no entanto, é maior e a probabilidade de encontrar um desastre aumenta.

Embora você se planeje, sempre haverá eventos imprevisíveis que balançam seu mundo.

Eu estava conversando com meu amigo Dick Yue do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ele é o principal especialista em ondas gigantes, como a que atingiu o Ocean Ranger. Dick me falou sobre os aspectos físicos do fenômeno, mas também acredito que há algo além da ciência.

Essas ondas são capazes de cobrir um prédio de 10 andares e te atingem com a velocidade de um trem. Esse fenômeno pode acontecer em qualquer lugar do oceano – onde as pessoas pescam ou simplesmente passeiam de barco. As ondas mais devastadoras, no entanto, costumam ocorrer em locais mais remotos, principalmente onde há exploração de petróleo e gás – como no local onde estava a plataforma Ocean Ranger.

Estamos apenas começando a entender as condições que contribuem para a formação desse fenômeno, como as interações não-lineares entre os componentes da onda. Falando como um leigo, elas ocorrem quando há registro de alguma agitação nas profundezas do oceano e ela se junta com a tempestade na superfície. Isso aumenta a probabilidade da onda se formar e destruir o que encontrar pela frente.

Estritamente falando, esse fenômeno é definido por ondas com altura e intensidade muito maiores do que ondas normais. Podemos dizer que qualquer pessoa “atingida” por algo fora do normal já experimentou a “onda gigante” em sua vida. A realidade é que, em algum momento, todos vão experimentar essas anomalias em suas vidas, sendo que algumas ondas serão facilmente “navegáveis” e outras nem tanto.

Os marinheiros descrevem esse fenômeno como “paredes d’água” ou “buraco no oceano”. Quanto maior o tamanho da onda, mas íngreme ela fica. Em nossas vidas, algumas situações se tornam tão íngremes que realmente dá para imaginar uma parede de 10 andares de água quebrando sobre nós!

Ao comparar as ondas gigantes com a vida, muitos de nós pensamos no Ocean Ranger e nos perguntamos se essa tragédia poderia ter sido evitada.

Embora tenha havido grandes avanços no nosso estudo e compreensão do que causa essas ondas, sabemos que isso é mais comum em mares. É extremamente raro que esse fenômeno ocorra em lugares menores, como  rios ou lagos, por exemplo.

Se tempestades podem ser evitadas, então suas chances de encontrar ondas gigantes serão significativamente menores. Se as circunstâncias lhe exigem permanecer em lugar específico, independentemente das condições (pense na Guarda Costeira, por exemplo), então você está à mercê da tempestade.

Como as ondas turbulentas são difíceis de prever e geralmente aparecem de surpresa, preparar-se para uma é como se preparar para um tornado ou um terremoto. Obviamente, a melhor chance de evitar o desastre é ficar longe de lugares de alto risco.

Rob Hoskins

Seja no oceano onde as riquezas petrolíferas habitam nas profundezas, ou em regiões do mundo ainda não alcançadas pelo Evangelho, onde os campos estão brancos para a colheita das Boas Novas, alguns de nós foram chamados para desbravar estes lugares perigosos.

Para completar nossa missão nós precisamos viver diligentemente. Quanto mais perigoso for o empreendimento, mais disciplinada deverá ser a preparação. Falhar em estudar as condições nas quais você pisa pode resultar em morte e destruição. Deus nos deu as ferramentas para estudarmos e nos prepararmos para entrar em lugares perigosos com uma estratégia definida e, assim, termos maiores chances de completar a missão com êxito.

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